Erva perene, até 8 m, de folhas carnudas reunidas na base e flores amarelo-esverdeadas reunidas num grande cacho.
Nome científico: Agave americana L.
Nomes vulgares: piteira, piteira-brava, agave
Família: Agavaceae
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).
Nível de risco: 18 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.
Data de atualização: 04/09/2023
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Como reconhecer
Erva perene muito robusta de até 8 m, rizomatosa e, por vezes, estolhosa.
Folhas: verde-claras a glaucas, muito grandes (1-2,5 m x 15-30 cm), lanceolado–oblongas, carnudas, com margem espinhosa e com espinho apical de 3-5 cm, anegrado, reunidas numa grande roseta basilar (1-2 x 2-3,7 m).
Flores: amarelo-esverdeadas, grandes (7-9 cm), reunidas numa grande panícula (4-8 m), com 20-25 ramos patentes, inserida no centro da roseta de folhas.
Frutos: cápsulas triangulares, oblongas, com muitas sementes, de cor preta, no interior.
Floração: floresce uma única vez, por volta dos 20 a 30 anos, morrendo após a formação dos frutos. A época de floração ocorre entre maio e junho.
Espécies semelhantes
Outras espécies de Agave são semelhantes, por exemplo, A. ferox K.Koch (de folhas mais largas -até 35 cm- e espinhos apicais até 10 cm) e A. atrovirens Karw (com rosetas até 1,6 m de altura, folhas verde escuras e menores – até 1 m – e espinho apical até 12 cm). São frequentes várias cultivares, por exemplo, A. americana cv. Marginata, com folhas verdes de margem amarela, e A. americana cv. Variegata, com faixa branca na margem das folhas.
Características de invasão
Reproduz-se por via vegetativa, a partir de rizomas, ao longo dos quais se desenvolvem pequenas rosetas que originam novas plantas.
Também se reproduz por via seminal, tendo estas grande capacidade germinativa.
Área de distribuição nativa
México e oeste dos EUA.
Distribuição em Portugal
Portugal continental (Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, Douro Litoral, Beira Alta, Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo, Baixo Alentejo, Algarve), arquipélago dos Açores (ilhas de São Miguel, Graciosa, Faial, Flores), arquipélago da Madeira (ilhas da Madeira e Porto Santo).
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Agave americana
Outros locais onde a espécie é invasora
África do Sul, América do Norte (EUA), Austrália, Bacia Mediterrânica (desde Portugal até à Ásia Menor) e Ilhas do Pacífico.
Razão da introdução
Para fins ornamentais.
Ambientes preferenciais de invasão
Áreas do litoral e áreas mais quentes e secas do interior. Ao longo de sebes, valados, taludes, arribas, sítios pedregosos, áridos, arenosos, margens de vias de comunicação.
Muito resistente à secura e altas temperaturas. Suporta geadas ligeiras.
Impactes nos ecossistemas
As folhas de grandes dimensões, ao provocarem ensombramento, impedem o desenvolvimento da vegetação nativa.
Impactes económicos
Custos elevados na aplicação de medidas de controlo.
Outros impactes
O contato com as folhas pode provocar alergias.
Os espinhos das folhas ferem, impedem a presença de animais e podem dificultar as operações de controlo.
Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes
– Falésias com vegetação das costas mediterrânicas com Limonium spp. endémicas (1240);
– Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea) (2150);
– Dunas litorais com Juniperus spp. (2250);
– Matos termomediterrânicos pré-desérticos (5330);
– Friganas mediterrânicas ocidentais dos cimos de falésia (Astralago-Plantaginetum subulatae) (5410).
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de controlo usadas em Agave americana incluem:
Controlo físico
Arranque manual/mecânico: metodologia preferencial para plantas de pequenas dimensões e/ou com rizomas pouco desenvolvidos. Quando presente em substratos arenosos o arranque costuma ser fácil. No entanto, em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular e/ou rizomas. Em arribas, o arranque deve ser realizado cuidadosamente para evitar o desprendimento do substrato rochoso. Deve garantir-se que não ficam raízes e/ou rizomas de maiores dimensões no solo. Dever ser realizado antes da floração.
Controlo químico
Injeção de herbicidas nos caules: aplica-se a plantas de grandes dimensões. Consiste em injetar herbicida (princípio ativo: glifosato) nos caules. Dever ser realizado antes da floração.
Controlo físico + químico
Corte combinado com aplicação de herbicida: aplica-se a plantas de grandes dimensões. Corte da planta tão rente ao solo quanto possível e aplicação de herbicida (princípio ativo: glifosato) na zona cortada. Dever ser realizado antes da floração.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta destas metodologias.
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Pheloung PC, Williams PA, Halloy SR (1999) A weed risk assessment model for use as a biosecurity tool evaluating plant introductions. Journal of Environmental Management. 57: 239-251.