Sub-arbusto de até 1,6 m (mais raramente 2 m) de altura, com caules robustos e erectos, com pelos curtos e suaves e com uma seiva leitosa. Todas as partes da planta contêm látex.
Nome científico: Asclepias syriaca L.
Nome vulgar: algodão-bravo, falso-algodoeiro.
Família: Apocynaceae (ex. Asclepiadaceae)
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) e a Lista de Espécies Exóticas Invasoras que suscitam preocupação na União Europeia (Reg. UE 1143/2014, de 22 de outubro).
Nível de risco: Em avaliação para Portugal
Sinonímia: Asclepias apocinum Gaterau, Asclepias capitellata Raf., Asclepias cornuti Decne., Asclepias globosa Stokes, Asclepias grandifolia Bertol., Asclepias illinoensis Michx. ex Steud., Asclepias intermedia Vail, Asclepias kansana Vail, Asclepias pubigera Dumort., Asclepias syriaca f. inermis J.R.Churchill, Asclepias syriaca var. kansana (Vail) E.J.Palmer & Steyerm., Asclepias syriaca f. leucantha Dore, Asclepias syriaca f. polyphylla B.Boivin, Asclepias syriaca f. syriaca, Asclepias syriaca var. syriaca
Data de atualização: 28/08/2023
Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Como reconhecer
Subarbusto perenifólio de até 160 cm (mais raramente 200 cm) de altura, com caules robustos e eretos, com pelos curtos e suaves e com uma seiva leitosa. Todas as partes da planta contêm látex.
Folhas: opostas, ovado-lanceoladas a elípticas, com 12-21 x 6-11 cm, glabras na página superior e branco-tomentosas na página inferior, com pecíolo de 6-30 mm.
Flores: reunidas em umbelas terminais, com 40-60 flores, com pedicelos pilosos de 16-35 mm. Corola rosada, com uma pequena coroa branco-rosada, com apêndices em forma de capuz. Apenas 3% das flores produzem frutos; a maioria das inflorescências caem aproximadamente 10 dias após a abertura. As flores têm um cheiro doce e produzem grandes quantidades de néctar.
Frutos: folículos ovóides, inflados, com até 10 cm, com papilas agudas, castanho acinzentados. Sementes comprimidas, aladas, com um tufo apical de finos pelos brancos, sedosos, com 2,5-3 cm.
Floração: junho a agosto
Espécies semelhantes
Distingue-se de outras Apocynaceae pelas flores com coroa com apêndices em forma de capuz, reunidas em umbelas terminais. Asclepias curassavica distingue-se por ter flores alaranjadas e pelo n.º de flores da umbela (8-11) enquanto A. syriaca tem 40-60 flores. Não frequente em Portugal, Asclepias speciosa é semelhante mas distingue-se por ter folhas mais largas, ovais, arredondadas ou em forma de coração, e flores menores. Gomphocarpus, cujas flores podem ser semelhantes, distingue-se por ter umbelas nas axilas das folhas (e não terminais) e flores brancas, amareladas ou cremes.
Características que facilitam a invasão
Propaga-se por semente e vegetativamente. Adaptada a uma ampla gama de condições climáticas e edáficas. Fonte de néctar para borboletas, abelhas e outros insetos, o que facilita a polinização. Tolera ou beneficia do cultivo, do corte, dos incêndios, etc. É pioneira em áreas perturbadas.
Área de distribuição nativa
América do Norte.
Distribuição em Portugal
Não existem registos da sua ocorrência em Portugal, em ambiente natural. Ocorre como ornamental. Foi incluída na Lista Nacional de Espécies Invasoras por fazer parte da Lista da União, como medida de prevenção.
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Outros locais onde a espécie é invasora
Invasora no Sul Europa e na Europa Central.
Razão da introdução
Introduzida como planta ornamental, como espécie melífera e usada também para produção de fibra.
Ambientes preferenciais de invasão
Invade bosques, pastagens, estradas, ferrovias, campos com alguma lavoura, etc. É comummente encontrada em solos bem drenados de textura argilosa e cresce melhor sob luz solar intensa ou sombra moderada.
Impactes nos ecossistemas
Causa impactes negativos nas espécies nativas e na biodiversidade, provocando danos em pastagens, em áreas de dunas e em zonas ribeirinhas. Adicionalmente, tem efeitos alelopáticos.
Impactes económicos
É invasora em áreas cultivadas. As culturas mais afetadas são a soja, o milho, o amendoim, o sorgo e a aveia.
Outros impactes
Contem várias substâncias venenosas para o gado e causa respostas alérgicas.
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de gestão e controlo usadas em Asclepias syriaca incluem:
Medidas preventivas
Alerta precoce: considerando que não há ainda registos desta espécie em Portugal fora de cultivo, como ornamental, a deteção precoce em ambiente natural é fundamental e depende em parte de voluntários, amantes da natureza, cidadãos cientistas e também técnicos que estejam alerta e registem as suas observações, por exemplo, no projeto de ciência cidadã "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist.
Resposta rápida: é crucial que no caso de deteção precoce exista, por parte das entidades responsáveis, uma resposta rápida e atempada a fim de eliminar as plantas e impedir o seus estabelecimento e a sua disseminação.
Sensibilização do público: é essencial informar e educar o público sobre os perigos desta e de outras espécies invasoras, através de campanhas dedicadas, incluindo formas de darem o alerta precoce no caso de observação da espécie.
Apostar no bom estado de conservação de ecossistemas e no restauro dos ecossistemas alterados/ intervencionados, ajudará a evitar o estabelecimento e a expansão desta invasora.
Controlo físico
Métodos físicos: Plantas mais jovens podem ser arrancadas, se necessário com auxílio de ferramentas. A remoção através de corte pode agravar o problema, na medida em que estimula o crescimento de rebentos de raiz.
Controlo químico
As plântulas podem ser controladas com herbicida; no caso de plantas maiores, as partes aéreas podem ser destruídas, mas o crescimento de raízes adventícias é estimulado.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.
CABI (2012) Asclepias syriaca. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: http://www.cabi.org/isc/ [Consultado 08/04/2020].
The Plant List (2013) Asclepias syriaca. Versão 1.1. Disponível: http://www.theplantlist.org/ [Consultado 08/04/2020].
Tokarska-Guzik B, Pisarczyk E (2015) Risk Assessment of Asclepias syriaca. NAPRA EU amendmemt Final.
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (2020) Asclepias syriaca. In: UTAD Jardim Botânico. Vila Real, PT. Disponível: https://jb.utad.pt [Consultado 08/04/2020].