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Eucalyptus globulus

Árvore perene, aromática, com folhas jovens verde-azuladas e folhas adultas mais escuras e em forma de foice.

Nome científicoEucalyptus globulus Labill.

Nomes vulgares: eucalipto, gomeiro-azul

FamíliaMyrtaceae

Estatuto em Portugal: espécie invasora

Nota: em Portugal, a grande extensão de eucaliptal que se observa é resultado de plantação pelo Homem e não de dispersão natural/ comportamento invasor. A espécie é aqui incluída como invasora porque, por um lado, tem-se observado o seu comportamento invasor em diversas situações no território nacional e, por outro lado, a sua ampla distribuição dá origem a uma pressão de propágulos elevada o que constitui um risco acrescido. Adicionalmente, a espécie é considerada invasora em várias regiões de clima Mediterrânico.

Nível de risco: 21 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.

Data de atualização: 24/08/2023

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã  "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

Avistamentos actuais da espécie: 
Família: 

Como reconhecer

Árvore de até 55 m, aromática, de ritidoma liso, claro, destacando-se em tiras longitudinais.

Folhasperenes, as juvenis opostasovadas a lanceoladassésseis, verde-azuladas; as adultas alternas com 12-25 x 1,7-3 cm, lanceoladas-falciformesacuminadas, verde-brilhantes.

Flores: sésseis ou quase, solitárias, com estames grandes, muito numerosos, branco-amarelados.

Frutos: pseudo-cápsulas lenhosas, solitárias, com 14-25 mm, com 4 costas.

Floração: outubro a março.

Espécies semelhantes

Distingue-se das outras espécies de Eucalyptus (e de E. globulus subsp. maidenii (F. Muell.) J. B. Kirkp.), presentes em Portugal, por ter flores e frutos solitários.

Características que facilitam a  invasão

Espécie de crescimento muito rápido.

Reproduz-se por via vegetativa, formando rebentos vigorosos de touça (aproveitado na indústria de pasta para papel).

Em Portugal, desde há alguns anos, começou a observar-se a germinação das sementes, inclusive fora dos povoamentos, principalmente após abandono de plantações e ocorrência de incêndios que criam nichos vazios.

 

Área de distribuição nativa

Sudeste da Austrália e Tasmânia. 

Distribuição em Portugal

Portugal continental (todas as províncias), arquipélago dos Açores (ilhas de São Miguel, Santa Maria, Terceira, Graciosa, Faial, Flores), arquipélago da Madeira (ilhas da Madeira e Porto Santo).

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.

 

Áreas geográficas onde há registo da presença de Eucalyptus globulus

Outros locais onde a espécie é invasora

África do Sul, oeste dos EUA (Califórnia, Havai) e Europa (Espanha).

Razão da introdução

Para produção florestal.

Ambientes preferenciais de invasão

Frequentemente cultivado em todo o país, tendo começado a surgir com comportamento invasor em locais mais húmidos e menos sujeitos a geadas.

Impactes nos ecossistemas

As plântulas formam mantos contínuos impedindo o desenvolvimento de outras espécies.

Tem efeitos alelopáticos, impedindo o desenvolvimento de outras espécies.

Impactes económicos

Em áreas para onde proliferou sem ser desejado, pode acarretar custos elevados na aplicação de medidas de controlo.

Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes

– Florestas mistas de carvalho-alvarinho (Quercus robur), ulmeiro (Ulmus minor) e freixo (Fraxinus angustifolia) das margens de grandes rios (91F0);
– Florestas-galerias de salgueiro-branco (Salix alba) e choupo-branco (Populus alba) (92A0);
– Florestas-galerias junto aos cursos de água intermitentes mediterrânicos com rododendro (Rhododendron ponticum), salgueiros (Salix) e outras espécies (92B0);
– Matagais arborescentes de loureiro (Laurus nobilis) (5230);
– Carvalhais galaico-portugueses de carvalho-alvarinho (Quercus robur) e carvalho-negral (Quercus pyrenaica) (9230 pt1);
– Carvalhais ibéricos de carvalho-cerquinho (Quercus faginea) e carvalho-da-Argélia (Quercus canariensis) (9240);
– Florestas de sobreiro (Quercus suber) (9330).

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

As metodologias de controlo usadas em Eucalyptus globulus incluem:

Controlo físico

Arranque manual: metodologia preferencial para plântulas e plantas jovens. Em substratos mais compactados, o arranque deverá ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Deve garantir-se que não ficam raízes de maiores dimensões no solo.

Corte e posterior destruição da touça: metodologia preferencial para plantas adultas. Corte tão rente quanto possível ao solo com recurso a equipamentos manuais e/ou mecânicos e posterior destroçamento da touça. Deve ser realizado antes da maturação das sementes.

Controlo químico

Aplicação foliar de herbicida: aplica-se a rebentos de 1 a 1,5 m de altura. Deve ser realizada na altura de maior crescimento da planta. Pulverizar com herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir) limitando a aplicação à espécie-alvo.

Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).

Controlo físico + químico

Corte combinado com aplicação de herbicida: aplica-se a plantas adultas. Corte do tronco tão rente ao solo quanto possível e aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) de herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir) na touça. Os possíveis rebentos que surgirem devem ser eliminados através de corte ou pulverização foliar com herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir). Nas touças com rebentos onde não é possível voltar a cortar (ex. superfície muito pequena) podem fazer-se cortes de +/- 45º sobrepostos na superfície vertical com câmbio vascular ativo e aplicar-se aí o herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir).

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.

Boyde D (2000) Eucalyptus globulus. In: Bossard CC, Randall JM, Hoshovsky MC invasive">Invasive Plants of California’s Wildlands. University of California Press, Berkeley, CA.  pp. 182-187.

Dana ED, Sanz-Elorza M, Vivas S, Sobrino E (2005) Especies vegetales invasoras en Andalucía. Consejería de Medio Ambiente, Junta de Andalucía, Sevilla, 233pp.

Gassó N, Basnou C, Vilà M (2010) Predicting plant invaders in the Mediterranean through a weed risk assessment system. Biological Invasions 12 (3): 463-476.

Land EO, Coelho RM, Silva L, Carvalho JA (2008) Eucalyptus globulus Labill. In: Silva L, Land EO, Luengo JLR (eds) Flora e fauna terrestre invasora na Macaronésia. Top 100 nos Açores. Madeira e Canárias, Arena, Ponta Delgada, pp. 363-366.

Marchante H, Morais M, Freitas H, Marchante E (2014) Guia prático para a identificação de Plantas Invasoras em Portugal. Coimbra. Imprensa da Universidade de Coimbra. 207 pp.

Morais MC, Marchante E, Marchante H (2017) Big troubles are already here: risk assessment protocol shows high risk of many alien plants present in Portugal. Journal for Nature Conservation 35: 1–12

Pheloung PC, Williams PA, Halloy SR (1999) A weed risk assessment model for use as a biosecurity tool evaluating plant introductions. Journal of Environmental Management. 57: 239-251.