Erva de porte robusto, de até 2 (2,5) m ,com caules verdes ou avermelhados, folhas marcadamente serradas, flores brancas, rosas ou púrpuras com uma "bolsa" na parte inferior que termina abruptamente num pequeno esporão reto; frutos alongados.
Nome científico: Impatiens glandulifera Royle
Nome vulgar: balsamina; bálsamo-do-Himalaia; beijo
Família: Balsaminaceae
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) e a Lista de Espécies Exóticas Invasoras que suscitam preocupação na União Europeia (reg. UE 1143/2014, de 22 de outubro).
Nível de risco: em avaliação para Portugal.
Sinonímia: Balsamina glandulifera (Royle) Ser.; Balsamina macrochila (Lindl.) Ser.; Balsamina roylei (Walp.) Ser.; Impatiens macrochila Lindl.; Impatiens roylei Walp.; Impatiens glandulifera f. albida (Hegi) B. Boivin; Impatiens glandulifera f. pallidiflora (Hook. f.) Weath.
Data de atualização:18/08/2023
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Como reconhecer
Erva anual, glabra, de porte robusto, de até 2 (2,5) m. Caules verdes ou avermelhados.
Folhas: opostas, as superiores, por vezes, 3 (5) em cada nó, com 5 - 18 (25) x 2,5 - 7 cm, lanceoladas a obovadas, margens marcadamente serradas, pecíolos com glândulas na base que produzem um néctar doce e pegajoso.
Flores: reunidas em cachos axilares, eretos, de 2 a 14 flores com 25 a 40 mm de comprimento; flores zigomórficas, brancas, rosas ou púrpuras; sépala posterior forma um saco que termina abruptamente num esporão reto de 2-5 (7)mm.
Frutos: cápsulas glabras, alongadas, com 3-5 x 1,5 cm; sementes com 4-7 x 2-4 mm sendo catapultadas até 7m quando as cápsulas são perturbadas e "explodem".
Floração: junho a outubro.
Espécies semelhantes: Impatiens parviflora e Impatiens noli-tangere têm alguma semelhança mas são muito menores e possuem pequenas flores amarelo-pálidas. Outras espécies de Impatiens são muito usadas como ornamentais (comummente chamadas de alegrias) mas são mais pequenas e frequentemente têm flores mais alaranjadas e não acentuadamente zigomórficas como I. glandulifera.
Características que facilitam a invasão
É uma espécies ornamental que pode escapar de cultivo e naturalizar-se, sendo uma invasora vigorosa em vários países. Possui um mecanismo de balocoria ou "libertação explosiva" de sementes lançando-as a vários metros quando alguém/algo toca nos frutos maduros (ou mesmo sem tocar). A dispersão a longa distância ocorre principalmente através da corrente de água (para jusante) ao longo dos cursos dos rios, uma vez que as sementes frescas podem rolar no leito do rio e as sementes secas são flutuantes e podem flutuar longas distâncias. Outros vetores de dispersão a longa distância incluem maquinarias humanas (por exemplo, cortadores de relva, rodas de tratores, motorroçadoras), lama no calçado, e transporte de resíduos de jardim, solo contaminado ou cascalho de rio.
Área de distribuição nativa
Himalaias (Índia, Nepal e Paquistão)
Distribuição em Portugal
Ainda não há registo de ocorrências desta espécie em Portugal, em meio natural. A espécie integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (DL 92/2019) por fazer parte da Lista da União (Reg.UE 1143/2014) e numa lógica de prevenção da sua introdução em meio natural já que é possível que esteja presente como ornamental.
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Outros locais onde a espécie é invasora
Europa (Reino Unido, Irlanda, França, Itália, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Suíça, Áustria, República Checa, Eslováquia, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Lituânia, Letónia, Estónia, Polónia, Hungria, Eslovénia, Croácia, Roménia, Ucrânia, Federação Russa), América do Norte (E.U.A.- incluindo Alasca - e Canadá), Ásia (Paquistão, Índia, Nepal, Japão), Austrália, Nova Zelândia, Ilhas Cocos (Keeling).
Razão da introdução
Nos países onde ocorre os registos indicam que a sua presença resulta de introdução acidental, após importação para fins ornamentais (e.g., no Reino Unido em 1839) e para uso como planta melífera para a apicultura, tendo escapado para a natureza. Embora o mecanismo explosivo disperse as sementes da planta por apenas 7 m, a propagação das populações invasoras tem sido rápida, tanto porque as sementes podem ser transportadas pelos rios a grandes distâncias, como devido à própria propagação ajudada pelo Homem.
Ambientes preferenciais de invasão
Prefere ambientes férteis, perturbados e húmidos, como nas margens de rios e barrancos, além de taludes com muita humidade. É uma espécie de semi-sombra, podendo estar presente no interior das florestas, embora normalmente seja estéril nessa situação. Por vezes coloniza ambientes ruderais próximos das aldeias, incluindo em margens degradadas de linhas de água.
Impactes nos ecossistemas
Pode levar ao aumento da erosão das margens dos rios, ao deixar os solos despidos quando morre, no inverno.
Forma mantos de elevada densidade que podem impedir o desenvolvimento de outras plantas por competição, ocultar espécies nativas locais e reduzir os nichos disponíveis para o crescimento de outras espécies. No entanto, como é uma planta anual, não está presente durante toda a estação de crescimento (germina na primavera e atinge o domínio no verão) pelo que e a dominância que alcança pode variar de ano para ano, de acordo com as condições climáticas na fase de germinação.
Afeta o desenvolvimento de diversos grupos taxonómicos: reduz os nichos disponíveis para insetos terrestres de habitats ripícolas; reduz a abundância de fungos micorrízicos arbusculares no solo; afeta as populações de invertebrados devido à rica produção de néctar; atrai, com as suas flores ricas em néctar e perfumadas, muito mais polinizadores do que algumas plantas nativas e, portanto, tem um efeito negativo na aptidão das nativas, competindo com elas pelos polinizadores..
Impactes económicos
Custos elevados na aplicação de medidas de controlo.
Outros impactes
Pode restringir o acesso aos rios para recreação e outras comodidades. Dificulta o acesso aos habitats onde invade.
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
Esta espécie pode ser mais facilmente controlada do que plantas invasoras perenes. Qualquer controle deve ter como objetivo impedir que as plantas produzam e dispersem sementes. As metodologias de controlo usadas em I. glandulifera incluem:
Controlo físico / mecânico
Pastoreio ou corte, feitos no final da estação, quando as plantas estão em flor ou, de preferência, no início da floração, são eficazes no controlo, embora implique repetição anual até à erradicação. É essencial que sejam aplicados antes da formação dos frutos.
O corte precoce das plantas abaixo do primeiro nó pode controlar as populações, embora seja mais trabalhoso.
O corte em áreas invadidas pequenas pode ser feito com roçadora manuais; em áreas maiores e onde as condições do solo o permitam, pode ser feito com recurso a máquinas, mas evitando áreas de solo húmido e macio, onde as máquinas pesadas podem proporcionar espaços abertos, ideais para o restabelecimento, e causar destruição de habitats sensíveis que ainda sobrevivam.
O material vegetal removido deve ser manuseado com cuidado, para evitar a (re)invasão nos locais onde os restos são depositados.
Para um sucesso duradouro, é essencial que a área seja monitorizada de forma a controlar restabelecimentos.
Controlo químico
É suscetível a alguns herbicidas que podem inibir a taxa de crescimento. Deve observar-se a legislação aplicável, podendo ser necessária uma permissão para o uso de herbicidas, principalmente quando a invasão ocorre próximo da água.
Alerta-se para o facto da aplicação de herbicidas junto às massas de água poder ter graves consequências para o meio ambiente e pôr em risco outras espécies e até a saúde da população local se a água for usada para beber, nadar ou lavar. Por estas razões, a aplicação de herbicidas é fortemente desaconselhado devendo ser apenas ponderado em situações muito particulares e graves.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Controlo biológico
Em alguns países o fungo-ferrugem (Puccinia komarovii) tem revelado um alto nível de especificidade para I. glandulifera, tendo sido renomeado como uma variedade (P. komarovii var. glanduliferae). Foi testado na Índia, no Paquistão e no Reino Unido e já há permissões para libertação deste agente de controlo, e.g., no Reino Unido.
Em Portugal ainda não há agentes de controlo biológico disponíveis para esta espécies.
Controlo Integrado
O controlo integrado deve ter como objetivo maximizar o efeito do controlo e minimizar os efeitos colaterais ambientais. Devido ao transporte a jusante de sementes, as medidas de controlo na área de captação de um rio devem começar nos trechos superiores e seguir para jusante. No entanto, isso nem sempre é possível devido à divisão da propriedade e aos altos custos associados.
Para impedir o restabelecimento e a colonização por outras espécies exóticas, depois das intervenções espécies nativas devem ser reintroduzidas, inclusivamente para promover fungos micorrízicos arbusculares que foram esgotados por I. glandulifera.
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.
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