Login | |

Lagarosiphon major

Sinalizar Alerta?: 
Nova espécie: 

Planta aquática submersa de cor verde escura, pouco ramificada, com folhas pequenas alternas e curvadas para baixo e mais juntas perto do ápice. Forma “tufos” no fundo da água, podendo crescer até 6 metros, formando “tapetes” flutuantes junto da superfície.

Nome científicoLagarosiphon major (Ridley) Moss

Nome vulgar: elódea-africana

FamíliaHydrocharitaceae

Estatuto em Portugal: espécie invasora  (listada no Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho e incluída na lista de espécies que suscitam preocupação na União Europeia, pelo Regulamento (UE) n. o 1143/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho de 22 de outubro de 2014). Introduzida em alguns pontos mostrando já comportamento Invasor, embora com distribuição ainda relativamente limitada.

Nível de risco: (em desenvolvimento)

Sinonímia: Lagarosiphon muscoides var. major Ridl.  Muitas vezes é vendido sob o nome de Elodea crispa, embora este nome científico não exista.

Data de atualização: 13/06/2020

Ajude-nos a mapear esta espécie na nossa plataforma de ciência cidadã.

 

Avistamentos actuais da espécie: 
Família: 

Como reconhecer

Planta aquática submersa de cor verde escura, pouco ramificada, com folhas pequenas alternas e curvadas para baixo e mais juntas perto do ápice. Forma “tufos” no fundo da água, podendo crescer até 6 metros, formando “tapetes” flutuantes junto da superfície.

Folhas:  verde-escuras, pontiagudas e finamente dentadas, com 5-20mm de comprimento e 2-3 mm de largura. Estão dispostas de forma alterna, em espiral, em torno do caule e geralmente são curvadas para baixo em direcção ao caule, (mas, em águas alcalinas, podem aparecer rectas). Geralmente apresentam-se mais juntas na proximidade do ápice.

Caule: quebradiço e pouco ramificado pode crescer mais de 6 metros de comprimento e curva como um “J” em direcção à base. Tem raízes adventícias e rizomas que fixam a planta ao substrato.

Flores: as flores femininas são muito pequenas, com três pétalas transparentes, brancas ou rosadas e situam-se acima da superfície, presas a um fino e longo pedúnculo filamentoso.

Fora da sua área nativa, apenas plantas femininas são conhecidas, mas na África do Sul, de onde é originária, as plantas masculinas produzem flores que se soltam da planta, flutuando livremente para dispersar o pólen.

 

Espécies semelhantes

Hydrilla verticillataEgeria densaElodea canadensis

As três espécies têm aparência muito semelhante mas o número de folhas que se unem em cada nó é diferente; consulte a chave ilustrada para ver como se distinguem. Ou faça download do .PDF [aqui]

 

 

Características que facilitam a invasão

Embora não se reproduza sexualmente na Europa (não são conhecidas flores masculinas, frutos ou sementes fora da sua área de distribuição nativa), reproduz-se vegetativamente de forma eficaz, quer por expansão dos rizomas quer por fragmentação. Pequenos fragmentos podem ser transportados pela corrente nos rios e ser dispersados acidentalmente por barcos, artefactos de pesca ou outras actividades humanas e cada fragmento pode originar uma nova planta.

O facto de os animais herbívoros (como peixes, aves aquáticas, invertebrados, etc) geralmente preferirem as plantas nativas pode levar à eliminação progressiva destas em locais com presença de espécies exóticas oxigenadoras (e.g. Lagarosiphon majorEgeria densa e Elodea canadensis). Por isso é frequente que acabem por ficar apenas as espécies exóticas, formando comunidades monoespecíficas (com apenas uma espécie).

Área de distribuição nativa

África do Sul.

 

Distribuição em Portugal
Beira Litoral (Coimbra) e Algarve (Odeleite)

Para verificar localizações mais detalhadas desta espécie, verifique o mapa interactivo online. Este mapa ainda está incompleto – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a conhecer.

 

 

Áreas geográficas onde há registo da presença de Lagarosiphon major

 

Outros locais onde a espécie é invasora
Europa (Áustria, França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça e Reino Unido), Oceânia (Nova Zelândia).
 

Razão da introdução

A principal razão da sua introdução é o seu uso em aquáriofilia como planta ornamental e oxigenadora.

 

Ambientes preferenciais de invasão

Lagarosiphon major prefere habitats de água doce parada ou com pouca corrente, com substratos lodosos ou arenosos. Ocorre tanto em ambientes oligotróficos como eutróficos e tem grande tolerância a águas com pH elevado. Prefere temperaturas entre 20ºC e 23ºC, mas  aguenta bem o inverno e suporta temperaturas máximas de 25ºC (Kasselmann 1995).  Ocorre apenas até 7 metros de profundidade por não suportar pressão superior, mas em habitats profundos pode formar tapetes flutuantes. Pode habitar charcos, lagos, barragens, reservatórios e rios e canais com pouca corrente.

 

Embora já se encontre introduzida,  a sua dispersão em Portugal é ainda relativamente limitada.

Impactes nos ecossistemas

Pode criar densos tapetes flutuantes que chegam a atingir 2 a 3 metros de espessura e que pode causar vários impactos negativos ecológicos e económicos. Os tapetes densos flutantes impedem a passagem da luz e eliminando as plantas aquáticas nativas e afetando negativamente as populações de invertebrados e vertebrados  aquáticos. Lagarosiphon major pode dificultar a navegação e limitar atividades recreativas como a natação ou a pesca, pode bloquear os sistemas de aproveitamento hidroelétrico, reduzir o valor estético e afectar negativamente a qualidade da água.

Tempestades podem fragmentar ou soltar tapetes flutuantes de Lagarosiphon e depositar largas massas de vegetação em decomposição nas praias, reduzindo os seu valor recreacional.

Lagarosiphon major é muito difícil de controlar. McGregor e Gourlay (2002) referem como principais métodos de controlo para esta espécie incluem a aplicação de herbicida, o controlo mecânico, a dragagem de sucção e a colocação de telas geotexteis anti-ervas. No entanto, todos estes métodos têm algumas desvantagens substanciais: o custo, a ineficácia no controlo a longo prazo e, para alguns, a questão dos efeitos ambientais adversos, tanto reais como percepcionados.

Controlo físico

O controlo físico pode ser feito, mas o risco de fragmentar e propagar a planta é grande. Alguns autores referem o corte e remoção das plantas e a aplicação de telas geotexteis anti-ervas, para prevenir a regeneração a partir dos rizomas.

Controlo biológico

Alguns estudos foram feitos no sentido de identificar, entre os inimigos naturais desta planta, os possíveis agentes de controlo biológico específicos desta espécie. Uma mosca-mineira-das-folhas (Hydrellia lagarosiphon) é apontada como o agente de biocontrolo mais promissor e será testada em breve na Nova Zelândia.

Controlo químico

Na Nova Zelândia, é referido o uso do herbicida aquático Diquat como o único registado no país para o controlo de plantas aquáticas invasoras, no entanto pode ser ineficaz em determinadas condições ambientais. Após a aplicação de herbicidas com princípio activo Triclopyr (e Dichlobenil) apenas foram observados efeitos temporários no crescimento.

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta destas metodologias.

Consulte informação mais detalhada sobre Medidas e custos para prevenção, detecção precoce, erradicação rápida e gestão desta espécie, de acordo com os documentos técnicos de suporte ao Regulamento Europeu nº 1143/2014, elaborados pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) em colaboração com IUCN Invasive Species Specialist Group.

Baars, J.R., Coetzee, J.A., Martin, G., Hill, M.P. & Caffrey, J.M. 2010. Natural enemies fromSouth Africa for biological control of Lagarosiphon major (Ridl.) Moss ex Wager(Hydrocharitaceae) in Europe. Hydrobiologia 656 656:149–158

CABI (2012) Lagarosiphon major. In: invasive">Invasive species">Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível:   http://www.cabi.org/isc/datasheet/30548  [Consultado 13/07/2017].

Center for Aquatic and invasive">Invasive Plants, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences, https://plants.ifas.ufl.edu/plant-directory/lagarosiphon-major/  [Consultado 13/07/2017].

Earle, W., Mangan, R., O’Brien, M. & Baars, J-R. 2013. Biology of Polypedilum n. sp. (Diptera: Chironomidae), a promising candidate agent for the biological control of the aquatic weed Lagarosiphon major (Hydrocharitaceae) in Ireland. Biocontrol Science and Technology, 23: 1267-1283.

Global invasive">Invasive species">Species Database (2017) species">Species profile: Lagarosiphon major. Disponível: http://www.iucngisd.org/gisd/species.php?sc=403 on 12-07-2017. [Consultado 13/07/2017].

Mangan, R., & Baars, J-R. 2012. Use of life table statistics and degree day values to predict the colonisation success of Hydrellia lagarosiphon Deeming (Diptera: Ephydridae), a leaf mining fly of Lagarosiphon major (Ridley) Moss (Hydrocharitaceae), in Ireland and the rest of Europe. Biological Control, 64: 143-151.

McGregor, P. G., Gourlay H., 2002. Assessing the prospects for biological control of lagarosiphon (Lagarosiphon major (hydrocharitaceae)). DOC Science Integral Series 57. Department of Conservation, Wellington. 14p. Disponível: http://www.doc.govt.nz/documents/science-and-technical/DSIS57.pdf  [Consultado 13/07/2017].

Martin, GD, Coetzee J & Baars J-R (2013). Hydrellia lagarosiphon Deeming (Diptera: Ephydridae) a potential biological control agent for the submerged aquatic weed, Lagarosiphon major (Ridl.) Moss ex Wager (Hydrocharitaceae). African Entomology, 21: 151-160.

Paynter, Q., 2013. Feasibility of biocontrol of Lagarosiphon major in New Zealand.. Landcare Research. Disponível: https://www.landcareresearch.co.nz/__data/assets/pdf_file/0003/100479/Feasibility_biocontrol_Lagarosiphon_major.pdf [Consultado 13/07/2017].

The Plant List. Lagarosiphon major (Ridl.) Moss. Disponível: http://www.theplantlist.org/tpl1.1/record/kew-308179 [Consultado 13/07/2017].