Login | |

Ricinus communis

Arbusto ou pequena árvore até 5 m, com caules frequentemente avermelhados, de folhas grandes com aspeto de estrela e frutos espinhosos, avermelhados na maturação.

Nome científico: Ricinus communis L.

Nomes vulgares: rícino, carrapateiro, bafureira, catapúcia, erva-dos-carrapatos, figueira-do-inferno, mamona, mamoeiro, catapúcua-do-inferno, mamoreiro

Família: Euphorbiaceae

Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).

Nível de risco: 22 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), segundo o qual valores acima de 6 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 08/10/2015.

Sinonímia: Ricinus africanus Willd., Ricinus angulatus Thunb., Ricinus armatus Haw., Ricinus badius Rchb., Ricinus chinensis Thunb., Ricinus digitatus Noronha, Ricinus europeus T.Nees, Ricinus glaucus Hoffmanns.,
Ricinus hybridus
Besser, Ricinus inermis Mill., Ricinus japonicus Thunb., Ricinus laevis DC., Ricinus leucocarpus Bertol., Ricinus lividus Jacq., Ricinus macrophyllus Bertol., Ricinus medicus Forssk., Ricinus megalospermus Delile, Ricinus minor Mill., Ricinus nanus Balbis, Ricinus peltatus Noronha, Ricinus purpurascens Bertol., Ricinus rugosus Mill., Ricinus sanguineus Groenland., Ricinus tunisensis Desf., Ricinus undulatus Besser., Ricinus urens Mill., Ricinus viridis Willd., Ricinus vulgaris Mill.

Data de atualização: 04/09/2023

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã  "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

Família: 

Como reconhecer

Arbusto ou pequena árvore de até 5 m; de caules ocos, avermelhados e glabros.

Folhas: alternas, de 10-35 cm Ø, palmatipartidas com 5-9 lóbulos, margem irregularmente serrada, de pecíolo longo, avermelhado.

Flores: Flores unissexuais reunidas em grandes inflorescências na extremidade dos caules. As flores femininas são esverdeadas ou avermelhadas, e localizam-se mais próximas da extremidade, enquanto as flores 
masculinas amarelo-esverdeadas com estames de cor creme, localizam-se na base da inflorescência.

Frutos: cápsulas ovóides, com ± 2 cm comprimento, avermelhas ou esverdeadas, cobertas de acúleos,

Floração: Pode florir ao longo de todo o ano apresentando máxima floração de maio e julho.

Espécies semelhantes

-

Características que facilitam a invasão

Pode florir e produzir sementes ao longo de todo o ano em locais sem geada. Reproduz-se por via seminal, produzindo um elevado número de sementes (cada planta pode produzir até 150000 sementes) que são facilmente dispersas pela água e animais (roedores, formigas, aves) e pelas actividades humanas. As cápsulas depois de secas libertam as sementes que podem ser projetadas para grandes distâncias criando novos focus de invasão. As sementes podem permanecer viáveis por 2 ou 3 anos, havendo alguns estudos que indicam que em determinadas situações não chega a formar banco de sementes. As suas sementes são das primeiras a germinar após um incêndio.

Área de distribuição nativa

Africa tropical.

Distribuição em Portugal

Portugal continental (Trás-os-Montes, Douro Litoral, Estremadura, Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Algarve), Arquipélago dos Açores (todas as ilhas), arquipélago da Madeira (ilhas da Madeira, Porto Santo e ilhas Desertas).

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.

 

Outros locais onde a espécie é invasora

África (Botswana, Namíbia, Tanzânia), América do Norte (EUA, México), América do Sul (Chile, ilhas Galápagos),  Austrália, Ásia (China), Sul da Europa (França) e Nova Zelândia.

Razão da introdução

Para fins alimentares, medicinais e industriais (obtenção de óleo de rícino). É provável que também tenha sido usada como ornamental.

Ambientes preferenciais de invasão

Espécie muito frequente em zonas perturbadas,, ruderais, como margens de estradas e entulhos. Também invade margens de cursos de água e áreas naturais e semi-naturais (ex: dunas costeiras).

Impactes nos ecossistemas

O crescimento rápido leva à formação de áreas densas impenetráveis que podem impedir o desenvolvimento da vegetação nativa.

Impactes económicos

Potencialmente, custos elevados na aplicação de metodologia de controlo.

Outros impactes

As sementes são altamente tóxicas, especialmente para humanos e cavalos. O contacto com as sementes pode provocar reações alérgicas severas.

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

As metodologias de controlo usadas em Ricinus communis incluem:

Controlo físico

Arranque manual: é um dos métodos preferenciais. Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Deve garantir-se que não ficam raízes de maiores dimensões no solo.

Controlo químico

Aplicação foliar de herbicida:Pulverizar com herbicida (princípio ativo: glifosato) limitando a aplicação à espécies-alvo. Deve ser realizada na altura de maior crescimento da plantae apenas em situações em que a utilização de herbicida não possa ser evitada.

Aplicação de herbicida sobre a casca na base da planta (princípio ativo: tryclopir-site indicado). Aplica-se a plantas jovens com diâmetro superior a 5 cm.

Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).

Controlo físico + químico

Corte combinado com aplicação de herbicida: corte dos aules tão rente ao solo quanto possível e posterior aplicação de herbicida (pricípio ativo glifosato ou triclopir) na zona de corte. Deve ser efetuado antes da maturação dos frutos e apenas em situações em que a utilização de herbicida não possa ser evitada.

Fogo controlado

Pode utilizar-se fogo controlado nas áreas onde formam grandes tapetes. No entanto, dá melhores resultados em combinação com outros métodos (por exemplo, para controlar as plântulas formadas) já que é referenciado como sendo um bom colonizador de áreas recém-queimadas.

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.

Burrascano C (2000) Ricinus communis. In: Bossard CC, Randall JM, Hoshovsky MC Invasive Plants of California’s Wildlands. Uni versity of California Press, Berkeley, CA. pp. 269-273.

CABI (2014) Ricinus communis. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: www.cabi.or g/isc [Consultado 16/11/2014]

California Invasive Plant Council. Ricinus communis. Disponível: http://www.cal-ipc.org/plants/profile/ricinus_communis-profile/ [Consultado 18/11/2017].

Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental. Ricinus communis. Disponível: http:// www.institutohorus.org.br/ [Consultado 18/11/2014].

Land EO, Coello RM, Carvalho JA, Silva L (2008) Ricinus communis L. In: Silva L, Land EO, Luengo JLR (eds) Flora e fauna terrestr e invasora na Macaronésia. Top 100 nos Açores, Madeira e Canárias. Arena, Ponta Delgada, pp. 382-384.

Marchante H, Morais M, Freitas H, Marchante E (2014) Guia Prático para a Identificação de Plantas Invasoras em Portugal. Imp rensa da Universidade de Coimbra, Coimbra, pp. 208.

Northern Territory Government (2014) Castor oil plant. Ricinus communis. Disponível: http://www.lrm.nt.gov.au/weeds/find/ castor[ Consultado 18/11/2014].

Pheloung PC, Williams PA, Halloy SR (1999) A weed risk assessment model for use as a biosecurity tool evaluating plant introductions. Journal of Environmental Management. 57: 239-251.

Sanz-Elorza M, Sánchez EDD, Vesperina ES (2004) Atlas de las plantas alóctonas invasoras en España. Dirección General para la Biodiversidade, Madrid, 384pp.

Weber E (2003) Invasive plant species of the world: a reference guide to environmental weeds. Reino Unido: CABI, 2003. ISBN 0851996957. 360pp.