Subarbusto rastejante perene, de folhas muito carnudas e grandes flores de cor púrpura uniforme.
Nome científico: Carpobrotus acinaciformis (L.) L. Bolus
Nome vulgar: chorão-das-praias
Família: Aizoaceae
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).
Nível de risco: Em avaliação para Portugal.
Sinonímia: Abryanthemum acinaciforme (L.) Rothm.; Carpobrotus concavus L. Bolus; Carpobrotus laevigatus (Haw.) Schwantes; Carpobrotus rubrocinctus (Haw.) Schwantes; Carpobrotus subalatus (Mill.) Schwantes; Carpobrotus vanzijliae L. Bolus; Mesembryanthemum acinaciforme L.; Carpobrotus edulis var. rubescens
Data de atualização: 23/08/2023
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Como reconhecer
Subarbusto robusto, rastejante perene, suculento, de vários caules que podem atingir vários metros, muito ramificado e que enraízam nos nós.
Folhas: carnudas, curtas, curvado-falcadas (acinaciformes, i.e., em forma de lâmina de faca), geralmente glaucas, menos frequentemente verdes, comprimidas lateralmente - com as páginas laterais bastante estendidas a partir da sua metade -, mais grossas que largas (1,5 x 1 cm), de secção transversal, na sua metade apical, em triângulo isósceles, as folhas são mais espessas perto do ápice e mais estreitas do que grossas.
Flores: de 8-10 cm de diâmetro, solitárias, com estaminódios petaloides, de intensa cor púrpura; têm cálice oblongo ou quase globoso, (em vez de em forma de taco); a parte superior do ovário é achatada ou levemente côncava (em vez de "elevada").
Frutos: carnudos, de forma ovoide, comestíveis. Inicialmente são de cor verde, tornando-se púrpuras na maturação, permanecendo na planta durante muitos meses. As sementes, muito pequenas (1 mm comprimento), são de cor preta.
Floração: março a junho (no sul de Portugal pode pontualmente florir mais cedo, a partir de janeiro).
Espécies semelhantes
Carpobrotus edulis (também chamado chorão-das-praias) é muito semelhante, mas as folhas têm secção de triângulo equilátero (fig. B) e são grossas de forma igual ao longo de seu comprimento; enquanto C. acinaciformis tem a secção transversal das folhas em forma de triângulo isósceles (fig. A). Adicionalmente, na base das folhas de C. edulis há um tecido branco a envolver o caule (fig. C), enquanto em C. acinaciformis não há esse tecido (fig. D). Quanto à flor, se for amarela é C. edulis, se for rosa pode ser qualquer uma das 2 espécies ainda que as flores de C. edulis costumem ser mais pequenas e quando rosa são normalmente mais claras, só raramente sendo purpuras/ rosa mais escuro.
As espécies podem formar híbridos com características intermédias cuja distinção é muito complicada: quando as flores são rosa, se os filetes dos estames forem amarelos ou brancos e a base das pétalas mais clara, é provável que se trate do híbrido entre C. edulis e C. acinaciformis (Fig. G, flor da esquerda e Fig. H); quando as flores são rosa, se os filetes dos estames forem rosados e a base das pétalas for rosa mais escuro (Fig. G, flor da direita e Fig. I) é provável que se trate de C. acinaciformis.
Mifsud, S. 2021. Morphology of the invasive Carpobrotus (Aizoaceae) in Europe: Malta as a case study. Med-iterr. Bot. 42, e71195. https://doi.org/10.5209/mbot.71195
Características que facilitam a invasão
Reproduz-se vegetativamente, por fragmentos que enraízam facilmente nos nós originando novas plantas; formam vigorosos rebentos após o corte.
Também se reproduz por via seminal produzindo muitas sementes (cada fruto contém entre 1000 a 1800 sementes), as quais são dispersas por pequenos mamíferos.
Área de distribuição nativa
África do Sul, região do Cabo.
Distribuição em Portugal
Portugal continental (Minho, Trás-os-Montes, Douro Litoral, Beira Litoral, Estremadura, Alto Alentejo, Baixo Alentejo, Algarve), arquipélago dos Açores (todas as ilhas), arquipélago das Madeira (ilhas da Madeira e Porto Santo).
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
NOTA: devido a dúvidas na identificação, alguns dos registos desta espécie podem corresponder a Carpobrotus edulis.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Carpobrotus acinaciformis
Outros locais onde a espécie é invasora:
Sul da Europa (Espanha, França, Itália, Malta), oeste dos EUA (Califórnia), Nova Zelândia, Norte de África.
Razão da introdução
Para fins ornamentais. Cultivada com frequência, no passado, para fixação de dunas e taludes, de modo análogo a Carpobrotus edulis, ainda que com menos profusão.
Ambientes preferenciais de invasão
Dunas costeiras, cabos e áreas adjacentes a taludes onde foi plantado. Desenvolve-se tanto em zonas secas como húmidas.
Impactes nos ecossistemas
Forma tapetes impenetráveis que ocupam áreas extensas, impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa.
Promove a acidificação do solo, facilitando o seu próprio desenvolvimento.
Impactes económicos
Custos elevados na aplicação de medidas de controlo.
Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes
– Falésias com vegetação das costas atlânticas (1230);
– Falésias com vegetação das costas mediterrânicas com Limonium spp. endémicas (1240);
– Dunas móveis do cordão litoral com com estorno (Ammophila arenaria) («dunas brancas») (2120);
– Dunas fixas com vegetação herbácea («dunas cinzentas») (2130);
– Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea) (2150);
– Dunas com salgueiro-anão (Salix repens ssp. argentea) (Salicion arenariae) (2170);
– Depressões húmidas intradunares (2190);
– Dunas com prados da Malcolmietalia (2230);
– Dunas litorais com Juniperus spp. (2250);
– Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavenduletalia (2260);
– Dunas com florestas de pinheiro-manso (Pinus pinea) e/ou pinheiro-bravo (Pinus pinaster) (2270);
– Dunas interiores com prados abertos de Corynephourus e Agrostis (2330);
– Formações de Cistus palhinhae em charnecas marítimas (5140);
– Friganas mediterrânicas ocidentais dos cimos de falésia (Astragalo-Plantaginetum subulatae) (5410).
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de gestão e controlo usadas em Carpobrotus acinaciformis incluem:
Medidas preventivas
Desencorajar a plantação deliberada de chorão-das-praias como ornamental, o que pode ocorrer em alguns locais por desconhecimento da legislação que a proíbe.
A educação e sensibilização de todos os cidadãos é essencial para, por um lado, impedir a disseminação de chorão-das-praias e, por outro, estimular a utilização de espécies de plantas ornamentais sem potencial invasor.
Apostar no bom estado de conservação de ecossistemas dunares e no restauro dos que foram alterados/ intervencionados, ajudará a evitar o estabelecimento e a expansão desta planta invasora.
Controlo físico
Arranque manual (metodologia preferencial). Nos substratos arenosos, onde é mais frequente, o arranque é fácil em qualquer altura. Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Deve garantir-se que não ficam fragmentos de maiores dimensões no solo, os quais enraízam facilmente originando novos focos de invasão. Quando forma grandes "tapetes" torna-se mais fácil à medida que se arranca ir enrolando os "tapetes", de forma a diminuir a dispersão de pequenos fragmentos que podem enraizar e dar origem a novas plantas.
Depois de arrancados devem ser removidos para local “seguro”, onde se deixam a secar, preferencialmente cobertos com plástico preto de forma a acelerar a sua destruição/degradação. Alternativamente, podem deixar-se no local mas com as raízes voltadas para cima, sem qualquer contacto com o substrato.
Controlo químico
Aplicação foliar de herbicida. encontram-se referências da sua utilização em alguns locais, recorrendo-se à pulverização com herbicida (princípio ativo: glifosato) limitando a aplicação à espécie-alvo. No entanto, este método é fortemente desaconselhado, já que o arranque é fácil e bastante eficaz.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomendada a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.
Badalamenti E, Gristina L, Laudicina VA, Novara A, Pasta S, Mantia T la (2016) The impact of Carpobrotus cfr. acinaciformis (L.) L. Bolus on soil nutrients, microbial communities structure and native plant communities in Mediterranean ecosystems. Plant and Soil 409:19–34. doi.org/10.1007/s11104-016-2924-z
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