Trepadeira perene, com flores azuladas grandes e afuniladas.
Nome científico: Ipomoea indica (Burm.) Merr.
Nome vulgar: bons-dias
Família: Convolvulaceae
Estatuto em Portugal: espécie invasora (listada no Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho)
Nível de risco: 30 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.
Sinonímia: Pharbitis cathartica (Poiret) Choisy, Ipomoea catartica Poir., Ipomoea congesta R. Br., Ipomoea indica (Burm. f.) Merr. var. acuminata (Vahl) Fosberg, Ipomoea mutabilis Lindl., Ipomoea learii Paxton, Ipomoea acuminata (Vahl) Roemer & Schultes, Convolvulus acuminatus Vahl
Data de atualização: 26/06/2020
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Como reconhecer
Trepadeira perene de até 15 m.
Folhas: inteiras a tripartidas, acuminadas, largamente ovadas a cordiformes, com 9-18 cm.
Flores: afuniladas, grandes, com 6-8,5 cm, muito vistosas, frequentemente azuis mas por vezes brancas, rosadas ou multicolores, geralmente tornando-se rosadas ao murchar.
Frutos: cápsula com 10-13 mm de diâmetro, com 4-6 sementes no interior.
Floração: junho a novembro.
Espécies semelhantes
Ipomoea purpurea (L.) Roth tem alguma semelhança, mas é uma erva anual e as folhas são todas inteiras. Observando-se apenas a flor pode confundir-se grosseiramente com uma petúnia-roxa (Petunia integrifolia (Hook) Schinz & Thell), mas o porte e as folhas desta última são muito menores.
Características de invasão
Reproduz-se vegetativamente através de fragmentos dos caules que enraízam facilmente. Os caules rebentam vigorosamente quando cortados.
Também se reproduz por via seminal, mas é pouco frequente.
Área de distribuição nativa
Zona tropical da América do Sul, Ásia e Havai.
Distribuição em Portugal
Portugal continental (Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, Douro Litoral, Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo, Baixo Alentejo, Algarve), arquipélago dos Açores (todas as ilhas), arquipélago da Madeira (ilha da Madeira).
Para verificar localizações mais detalhadas desta espécie, verifique o mapa interactivo online. Este mapa ainda está incompleto – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a conhecer.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Ipomoea indica
Outros locais onde a espécie é invasora
África do Sul, América do Norte (EUA), Austrália, Nova Zelândia, algumas ilhas do Pacífico e outros países da Bacia Mediterrânica.
Razão da introdução
Para fins ornamentais.
Ambientes preferenciais de invasão
Habitats perturbados (sebes, pedreiras, construções abandonadas, etc.), taludes onde foi plantada e sobre árvores ou outra vegetação. Em habitats naturais surge principalmente junto a linhas de água onde é uma ameaça para a vegetação ripícola.
Impactes nos ecossistemas
Forma tapetes impenetráveis que cobrem árvores, arbustos e outras espécies provocando a sua morte, e impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa.
Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes
– Florestas-galerias de salgueiro-branco (Salix alba) e choupo-branco (Populus alba) (92A0).
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de controlo usadas em Ipomoea indica incluem:
Controlo físico
Arranque manual (metodologia preferencial). Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Deve garantir-se que não ficam fragmentos no solo, os quais enraízam facilmente originando novos focos de invasão. O material arrancado deve ser retirado do local para posterior destruição.
Controlo físico + químico
Corte combinado com aplicação de herbicida. Corte dos caules tão rente ao solo quanto possível e aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) de herbicida (princípio ativo: glifosato) na zona de corte. Alguns autores referem que os rebentos são mais sensíveis ao herbicida pelo que, alternativamente, a aplicação de herbicida pode ser realizada quando os rebentos atingirem 60 cm altura.
Controlo químico
Aplicação foliar de herbicida: aplica-se em áreas extensas invadidas pela espécie. Pulverizar com herbicida (princípio ativo: glifosato) limitando a sua aplicação à espécie-alvo.
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta destas metodologias.
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