Arbusto perene de até 6 m, glabro, de copa aberta e folhas verde-azuladas. Cápsula com 7-10 mm, elipsóide.
Nome científico: Nicotiana glauca R.C. Graham.
Nome vulgar: charuto-do-rei
Família: Solanaceae
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).
Nível de risco: 23| Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.
Sinonímia: Nicotiana glauca var. angustifolia Comes, Nicotiana glauca var. decurrens Comes, Nicotiana glauca var. grandiflora Comes, Nicotiana glauca f. lateritia Lillo, Nicotidendron glauca (Graham) Griseb., Siphaulax glabra Raf.
Data de atualização: 28/08/2023
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Como reconhecer
Arbusto perene de até 6 m, glabro, de copa aberta e folhas verde-azuladas.
Folhas: 21-120 x 12-77 mm, elípticas a lanceoladas ou ovadas, às vezes assimétricas, agudas, glabras, glaucas.
Flores: em forma de pequenos tubos, amarelas, com 27-45 mm, numerosas, dispostas numa inflorescência na terminação dos raminhos, frouxa, semelhante a uma panícula.
Frutos: cápsula com 7-10 mm, elipsóide.
Floração: março a novembro
Espécies semelhantes
Outras espécies de Nicotiana são ervas (não arbustos) e têm pêlos na superfície pelo que não se confundem facilmente. De forma grosseira, tem alguma semelhança com Mirabilis jalapaG, mas esta é uma erva, é mais pequena e de tonalidade mais verde.
Características que facilitam a invasão
Produz sementes pequenas e numerosas; cada planta pode produzir entre 10 000 a 1 000 000 sementes e estas são dispersas pelo vento e pela água. A germinação pode ocorrer numa grande diversidade de temperaturas (desde os 7ºC aos 30 ºC) e as plântulas crescem rapidamente podendo, em condições favoráveis, alcançar 3 m no primeiro ano e florescer.
É bastante tolerante aos danos mecânicos (como o corte). Ainda que os Invernos rigorosos a prejudiquem é capaz de regenerar de raiz.
É uma planta pioneira em muitos ecossistemas perturbados e em locais de despejo de resíduos.
Área de distribuição nativa
Sul da América tropical (Chile, Argentina, Paraguai e Bolívia).
Distribuição em Portugal
Trás-os-Montes, Beira Litoral, Beira Baixa, Estremadura, Alto Alentejo, Baixo Alentejo, Algarve e Madeira (Madeira, Porto Santo, Selvagens).
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Nicotiana glauca
Outros locais onde a espécie é invasora
África (África do Sul, Cabo Verde, Etiópia, Kénia, Malawi, Namíbia, Uganda, Zâmbia, Tanzania), América (Califórnia, Cuba, EUA - Havai), Austrália e Europa (Croácia, Espanha, Gibraltar, Reino Unido, Ucrânia).
Razão da introdução
Introduzida como ornamental.
Ambientes preferenciais de invasão
Invade ambientes mais ou menos áridos e próximos do mar e costuma crescer em muros velhos, ruinas, escombreiras, zonas rochosas, etc.
Impactes nos ecossistemas
Pode competir com as plantas autóctones, por exemplo, pelos recursos hídricos.
Quando forma povoamentos extensos e densos impede o desenvolvimento de outras espécies, o que é particularmente preocupante se acontecer em áreas de conservação.
Impactes económicos
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Outros impactes
É impalatável e venenosa para os animais domésticos e selvagens.
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua correta aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As primeiras medidas a tomar devem ser preventivas, deixando de usar esta espécie e substituindo-a, sempre que possível e adequado, por espécies autóctones. É também importante apostar no bom estado de conservação dos habitats, com as suas comunidades de plantas nativas, já que isso dificulta o estabelecimento desta e de outras plantas invasoras.
As metodologias de controlo usadas em Nicotiana glauca incluem:
Controlo físico
Plântulas e plantas jovens podem ser arrancadas, se necessário com a ajuda de ferramentas para ajudar a remover as raízes principais. As zona de separação da raiz/caule deve ser removida para evitar a regeneração.
Devido à sua capacidade para regenerar de touça e raiz, o corte têm sucesso limitado como método de controlo. No entanto, pode ser útil na época de floração para impedir que frutifique e produza mais sementes.
Sendo possível cortar no final da época seca/ verão, ajuda a diminuir a regeneração.
Controlo físico + químico
Para os exemplares adultos, o mais eficiente, é o corte e posterior tratamento das touças com herbicida, caso contrário ao fim de algum tempo regenera. Deve cortar-se o tronco tão rente ao solo quanto possível e fazer a aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) de herbicida na touça.
Controlo biológico
O escaravelho Malabris aculeata (Coleoptera) foi libertado como agente de controlo biológico para Nicotiana glauca e tem tido algum sucesso quando utilizado como parte de um programa de gestão integrada.
Em Portugal ainda não há agentes de controlo biológico disponíveis para esta espécies.
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.
CABI (2013) Nicotiana glauca. In: Invasive Species Compendium. Wallingford, UK: CAB International. Available: http://www.cabi.org/isc/ [Retrieved 25/01/2022].
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Marchante H, Morais M, Freitas H, Marchante E (2014) Guia prático para a identificação de Plantas Invasoras em Portugal. Coimbra. Imprensa da Universidade de Coimbra. 65 pp.
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The Plant List (2013) Nicotiana glauca. Versão 1.1. Disponível: http://www.theplantlist.org/ [Consultado 20/03/2020].
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (2020) Nicotiana glauca. In: UTAD Jardim Botânico. Vila Real, PT. Disponível: https://jb.utad.pt [Consultado 20/03/2020].