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Ailanthus altissima

Árvore de grandes folhas compostas, avermelhadas na extremidade em jovem, caducas, de cheiro fétido quando cortada.

Nome científicoAilanthus altissima (Mill.) Swingle

Nomes vulgares: espanta-lobos, árvore-do-céu, ailanto, ailanto-da-China, árvore-do-paraíso, pau-do-céu

FamíliaSimaroubaceae

Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) e a Lista de Espécies Exóticas Invasoras que suscitam preocupação na União Europeia (Reg. UE 1143/2014, de 22 de outubro).

Nível de risco: 20 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.

SinonímiaAilanthus glandulosa Desf., Ailanthus peregrina (Buc’hoz) Barkley, Rhus cacodendron Ehrh., Toxicodendron altissimum Miller

Data de atualização: 26/07/2023

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã  "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

Avistamentos actuais da espécie: 
Família: 

Como reconhecer

Árvore dioica, de até 20 m, formando numerosos rebentos de raiz; ritidoma cinzento, liso ou longitudinalmente fendilhado; raminhos castanho-brilhantes, grossos, tortuosos e medulosos.

Folhascaducasalternasimparifolioladas, com ráquis de até 1 m, cujos primeiros pares de folíolos têm 2-4 lobos irregulares na base; folhas jovens com extremidades avermelhadas.

Flores: esverdeadas, pequenas (7-8 mm), reunidas em panículas de 10-20 cm.

Frutosmonocarpos samariformes com 3-4 cm, avermelhados no início.

Floração: abril a julho

 

Espécies semelhantes

Pode confundir-se com a nogueira-negra (Juglans nigra L.) mas esta apresenta a margem dos folíolos serrada, em toda a extensão (e não os 2 a 4 lobos irregulares na base dos folíolos como A. altissima) e o fruto é semelhante a uma noz (e não a uma sâmara, com parte alada clara).

 

Características que facilitam a invasão

Espécie pioneira de crescimento muito rápido.

Reproduz-se por via seminal produzindo uma elevada quantidade de sementes (± 350 000/ano) que podem dispersar até grandes distâncias (pelo vento) e germinam se tiverem humidade. Ainda que seja variável, em determinadas condições as sementes podem permanecer viáveis até 6 anos. Alguns estudos indicam que perdem a viabilidade mais rapidamente se se acumularem em folhada ou solo com muita matéria orgânica e duram mais anos se acumuladas em solo mineral.

A espécie também se reproduz por via vegetativa, rebentando vigorosamente de raiz, formando extensos estolhos radiculares.

 

Área de distribuição nativa

Ásia temperada (China). 

Distribuição em Portugal

Portugal continental (todas as províncias), arquipélago dos Açores (ilhas de São Miguel, Santa Maria, Graciosa, Pico, Faial, Flores), arquipélago da Madeira (ilha da Madeira).

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.

 

Áreas geográficas onde há registo da presença de Ailanthus altissima

Outros locais onde a espécie é invasora

África do Sul,  América do Norte (Canadá, EUA), Ásia (Japão, Paquistão), algumas regiões da Austrália e Europa (Espanha, França, Grécia, Hungria).

Razão da introdução

Para fins ornamentais, em espaços urbanos e margens de estradas.

Ambientes preferenciais de invasão

Áreas perturbadas, como margens de vias de comunicação, junto a vedações, áreas agrícolas abandonadas e espaços urbanos.

Em áreas naturais pode estabelecer-se quando ocorrem perturbações começando a surgir com alguma frequência em zonas ribeirinhas.

Desenvolve-se em todos os tipos de solos preferindo os leves e profundos. Adapta-se facilmente a solos argilosos e outros solos com baixo conteúdo em nutrientes e oxigénio. Desenvolve-se preferencialmente em locais com muito sol mas as plântulas e rebentos podem persistir no subcoberto durante muito tempo à espera de uma clareira e crescem então rapidamente (até 3 cm/dia).

É uma das espécies invasoras mais agressivas em Portugal continental.

Impactes nos ecossistemas

Pode formar povoamentos densos impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa.

Tem efeitos alelopáticos, impedindo o desenvolvimento de outras espécies.

Impactes económicos

Custos elevados na aplicação de medidas de controlo.

Outros impactes

Alergias.

Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes

– Florestas aluviais de amieiro (Alnus glutinosa) (Alno-PadionAlnion incanaeSalicion albae) (91E0);
– Florestas mistas de carvalho-alvarinho (Quercus robur), ulmeiro (Ulmus minor), freixo (Fraxinus angustifolia) das margens de grandes rios (91F0);
– Florestas-galerias de salgueiro-branco (Salix alba) e choupo-branco (Populus alba) (92A0).

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua correta aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

As primeiras medidas a tomar devem ser preventivas, deixando de usar esta espécie como ornamental, substituindo-a, se possível e adequado, por espécies autóctones.

As metodologias de controlo usadas em Ailanthus altissima incluem:

Controlo físico

Arranque manual: metodologia preferencial para plântulas e plantas jovens. No caso de plantas jovens, a utilização de uma forquilha, para soltar primeiro as raízes, facilita a remoção. Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Nas situações em que se sente resistência não se deve arrancar para evitar que fiquem raízes. Raízes de maiores dimensões e fragmentos que fiquem no solo têm grande probabilidade de originar novos rebentos pelo que devem ser removidos (muito importante!).

Controlo químico

Injeção com herbicida: metodologia preferencial para plantas com diâmetro superior a 5 cm. Aplicação de herbicida diretamente no sistema vascular da planta através da realização de vários golpes (com um machado, inchó ou serrote), à altura que for mais conveniente para o aplicador, num ângulo de 45° até ao alburno, e injetar imediatamente (impreterivelmente nos segundos que se seguem) em cada incisão cerca de 1ml (0,5 a 2ml consoante o tamanho do corte) de herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir) com um esguicho.

Os vários cortes devem ser realizados à mesma altura do tronco de forma a quase se tocarem, deixando ca. 2-4 cm de casca por cortar entre eles. Para indivíduos de menores dimensões apenas são necessários 2 ou 3 cortes, e não devem ser profundos (para evitar que a planta parta).

Aplicação foliar de herbicida: aplica-se a rebentos jovens (25-50 cm de altura) ou germinação elevada. Deve ser realizada na altura de maior crescimento da planta. Pulverizar com herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir) limitando a aplicação à espécie-alvo.

Aplicação de herbicida sobre a casca na base da planta: aplica-se a plantas jovens até 15 cm de diâmetro. A aplicação de herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir) deve ser feita até uma altura de 30 cm. Para plantas de maior dimensão, a aplicação de herbicida deve ser precedida de descasque.

Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO.

Controlo físico + químico

Corte combinado com aplicação de herbicida: aplica-se a plantas adultas. Corte do tronco tão rente ao solo quanto possível e aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) de herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir) na touça. Deve ser realizado na altura de maior crescimento da planta. Se houver formação de rebentos, estes devem ser eliminados através de arranque, pulverização foliar com herbicida (princípio ativo: glifosato ou triclopir) ou repetir a metodologia inicial (corte com aplicação de herbicida).

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.

Consulte informação mais detalhada sobre Medidas e custos para prevenção, detecção precoce, erradicação rápida e gestão desta espécie, de acordo com os documentos técnicos de suporte ao Regulamento Europeu nº 1143/2014, elaborados pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) em colaboração com IUCN Invasive Species Specialist Group.

CABI (2012) Ailanthus altissima. In: invasive">Invasive species">Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: http://www.cabi.org/isc/ [Consultado 6/11/2012].

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Dufour-Dror J-M (2012) Alien invasive plants in Israel. The Middle East Nature Conservation Promotion Association, Ahva, Jerusalem, 213pp.

Marchante H, Morais M, Freitas H, Marchante E (2014) Guia prático para a identificação de Plantas Invasoras em Portugal. Coimbra. Imprensa da Universidade de Coimbra. 207 pp.

Morais MC, Marchante E, Marchante H (2017) Big troubles are already here: risk assessment protocol shows high risk of many alien plants present in Portugal. Journal for Nature Conservation 35: 1–12

Pheloung PC, Williams PA, Halloy SR (1999) A weed risk assessment model for use as a biosecurity tool evaluating plant introductions. Journal of Environmental Management. 57: 239-251.

Rebbeck J, Jolliff J (2018) How long do seeds of the invasive tree, Ailanthus altissima remain viable? Forest Ecology and Management. 429:175–179.

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