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Fallopia sachalinensis

Nova espécie: 

Erva perene, com rizomas, capaz de atingir 4 (5) m de altura ou mesmo mais, com caules geralmente agrupados e eretos, com pouca ramificação, glabros, com pequenas flores brancas agrupadas em panículas na parte terminal dos caules.

Nome científico: Reynoutria sachalinensis (F.Schmidt) Nakai [= Fallopia sachalinensis (Schmidt) Ronse Decr.]

Nome vulgar: sanguinária-gigante

Família: Polygonaceae

Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).

Nível de risco: Em avaliação para Portugal

Sinonímia Reynoutria sachalinensis (F.Schmidt) Nakai

Data de atualização: 24/08/2023

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã  "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

 

Família: 
Porte: 

Como reconhecer
Erva perene, com rizomas, atingindo 4 (5) m de altura ou mesmo mais, com caules agrupados, eretos, com poucas ramificações, glabros e glaucos.

Folhas: grandes, com 15-40 x 7-25 cm, ovado-oblongas, cordadas na base, com pecíolo glabro de 1-4 cm, margens inteiras, glabras ou escamosas, ápice de obtuso a agudo.

Flores: pequenas, hermafroditas ou femininas, esverdeadas, reunidas em grupos de 4-7 flores por fascículo, por sua vez agrupados em panículas com 3-8 cm, que se localizam nas axilas das folhas, principalmente nas partes terminais dos caules.

Frutos: castanhos-escuros, brilhantes e lisos, com 2,8-4,5 × 1,1-1,8 mm.

Floração: agosto a setembro

Espécies semelhantes
Reynoutria japonica é semelhante mas distingue-se por R. sachalinensis ser muito maior, com 4 a 5 m de altura e com folhas de 15-40 cm de comprimento. Mais difícil de distinguir é Reynoutria x bohemica, híbrido entre Reynoutria japonica e Reynoutria sachalinensis, já que apresenta características intermédias entre os seus progenitores. A distinção é baseada nas folhas, na forma e tamanho, assim como, nos pelos e nos tricomas característicos encontrados na epiderme inferior das mesmas. As folhas de R. x bohemica são mais pequenas, e menos cordadas do que Reynoutria sachalinensis.

Abaixo pode ver-se um resumo da comparação entre as espécies:

Características que facilitam a invasão
É uma planta muito eficiente, alelopática, com um índice de área foliar muito elevado e taxas de crescimento de 4 a 5 cm por dia. Pode propagar-se por semente e vegetativamente, através de fragmentos de caules ou de rizomas e, como tal, pode espalhar-se facilmente ao longo de rios, através de resíduos resultantes de limpezas de jardins ou através da movimentação de solos contaminados; os propágulos podem permanecer viáveis por mais de um ano. Parece ser muito tolerante a uma grande variedade de solos e pode suportar temperaturas baixas. Beneficia do cultivo, da mutilação e tolera os incêndios. É uma espécie pioneira em áreas perturbadas.

Área de distribuição nativa
Japão e Rússia

Distribuição em Portugal

Não existem registos da sua ocorrência 100% confirmados em Portugal, ainda que alguns registos de R. japonica e R. x bohemica no noroeste do território possam tratar-se desta espécie.

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.

Outros locais onde a espécie é invasora
Austrália e América do Norte e Europa (Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França,  Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Polónia, Reino Unido, República Checa, Suécia, Suíça).

Razão da introdução
Nos países onde ocorre foi introduzida como planta ornamental, como planta forrageira e como estabilizadora da margem de rios. A partir dos locais onde é introduzia para essas utilizações pode chegar a novos locais como contaminante de solo movimentado em atividades de paisagismo ou de construção. Em Portugal pode eventualmente ter chegado como planta ornamental.

Ambientes preferenciais de invasão
Invade zonas ribeirinhas e zonas ruderais, jardins e parques.

Impactes nos ecossistemas
Provoca alteração nos ecossistemas ribeirinhos, já que compete com as espécies nativas e simplifica as comunidades, levando à criação de povoamentos monoespecíficos e alterando processos críticos, como a regeneração da floresta e dos sub-bosques, altera a estabilidade das margens, o fluxo de nutrientes no solo e a reciclagem dos nutrientes. Nas margens dos rios, a alta produção de folhada, significa que a reciclagem de nutrientes provavelmente será comprometida, com efeitos associados à ecologia local. A grande quantidade de biomassa nas margens dos rios também agrava as inundações e a inclusão de caules vivos e mortos no rio pode levar ao bloqueio e à redução do fluxo de água.

Impactes económicos
Os impactes económicos são sentidos principalmente pelos custos elevados nos esforços de controlo.

Outros impactes
Embora não se tenham verificado doenças, há registos de alguns locais onde o gado alimentado com esta planta exibiu alguns problemas.

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

O controlo desta espécie em linhas de água é um desafio difícil, especialmente por todos os cuidados que é preciso ter nestas áreas sensíveis e pelas restrições aplicadas ao uso de produtos químicos, portanto, os métodos de controlo são limitados. A sensibilização do público pode ser uma arma de prevenção importante. Os veículos devem ser inspecionados quando mudam de locais invadidos, para locais sem a presença desta espécie.

Como prioridade, devem adotar-se medidas preventivas que impeçam o estabelecimento desta espécie (e de outras invasoras), que incluam, por exemplo:

  • Apostar no bom estado de conservação de ecossistemas ripícolas e restauro dos ecossistemas alterados/ intervencionados, o que ajudará a evitar o estabelecimento e a expansão da invasora.
  • Controlar o destino dos solos "contaminados" com Reynotria de forma a evitar a sua transferência e reutilização.

Mais informação, incluindo sobre "O que fazer", "O que não fazer" e o Grupo de Trabalho Fallopia, pode ser consultada AQUI.

As metodologias de controlo usadas em Reynoutria sachalinensis incluem:

Controlo físico

Arranque manual: Nos casos em que a planta já está estabelecida, os métodos de controlo possíveis incluem o arranque de rizomas. No entanto, para este método ser eficaz têm de ser removidos todos os fragmentos, o que pode não ser fácil. Os rizomas podem ser encontrados no solo até uma profundidade de 7 m, tornando-se a sua remoção muito trabalhosa, demorada e dispendiosa e exigindo mão de obra com material adequado (crivos , etc.). Todos os fragmentos extraídos, uma vez retirados, devem ser completamente destruídos (por exemplo, deixar secar e depois queimar) ou removidos para local seguro (onde não possam dar origem a uma nova planta). Este método só é válido para os casos de invasões pequenas, muito localizadas. Estas ações podem não ser muito eficazes, porque a planta possui mecanismos de regeneração e os fragmentos resultantes podem converter-se em propágulos que contribuem para aumentar a extensão da invasão. Todas as ferramentas utilizadas nas intervenções devem ser cuidadosamente limpas de forma a não transportar fragmentos para outros locais onde originarão novos focos de invasão - fragmentos com poucos cm dão origem a uma nova planta. Para que exista alguma eficácia, deve realizar-se a cada 15 dias ao longo do período vegetativo, durante pelo menos 2 anos.

Em pequenas áreas invadidas, já foram utilizados geotêxteis com sucesso para evitar a regeneração após o corte. Este método consiste em cobrir o solo com uma tela de geotêxtil (existente no mercado para proteger taludes contra a erosão, ou evitar o crescimento de ervas daninhas em jardins) e uma camada adicional de 40cm de solo (livre de espécies invasoras). Uma vez que os rizomas se podem espalhar subterraneamente, recomenda-se cobrir até um raio de 2,5m de distância do limite da área onde foram detetadas as plantas (esta distância varia entre diferentes experiências). Assim elimina-se toda a vegetação existente, incluindo os indivíduos de Reynoutria sachalinensis. O custo associado é elevado e exige que se coloquem espécies autóctones, para ocupar a área e competir com eventuais rebentos da invasora, imediatamente após a intervenção.

Podem também fazer-se cortes sucessivos, MUITO frequentes e repetidos, permitindo que a planta volte a crescer até desenvolver bem as folhas e caules aéreos (para esgotar alguma da energia armazenada nos rizomas), mas APENAS quando se tem um destino seguro para a biomassa resultante e tendo sempre muito cuidado na limpeza das ferramentas usadas.

Outro método é o pastoreio intensivo com animais domésticos, pelo menos por 5 anos. Este método é dificilmente aplicável em zonas fluviais, onde o movimento dos animais pode danificar os canais e ao longo de vias de comunicação.

Controlo físico + químico

Esta espécie é resistente a quase todos os herbicidas. Um dos poucos princípios ativos utilizados com êxito é o glifosato, embora devido à sua toxicidade para os invertebrados aquáticos e outros organismos não seja recomendada a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nestas situações, o que ainda carece de atualização em Portugal (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO). Como exemplo prático de tratamento com glifosato, usado com sucesso noutros países, pode referir-se:

- 1ª fase: corte após o primeiro "surto" de primavera (como orientação, refere-se maio/ junho mas pode variar com a região);  reduz-se a vitalidade da planta; reduz-se a altura do próximo recrescimento (≤1,30 m). Voltar a cortar uma segunda vez.

- 2ª fase: pulverização com herbicida (glifosato a 0,7%) (Setembro-Outubro); as plantas estão na fase de pós-floração e perto do final do período vegetativo.

- 3ª fase: restauração por plantação de alta densidade de espécies (ripícolas se for num ambiente ripícola).

OU, em alternativa:

– 1ª fase: pulverização das folhas aos 15 dias do aparecimento dos caules com uma dose de Roundup de 6 l/Ha durante as primeiras horas da manhã, ou últimas da tarde;

– 2ª fase: repetição da pulverização dois meses após a primeira aplicação para destruir os rebentos das gemas que não foram afectadas, ou o foram de forma insuficiente, acompanhada de uma escavação previa do solo até 50 cm de profundidade;

– 3ª fase: após dois meses da segunda aplicação de herbicida realizar uma nova escavação mecânica sobre os restos para melhorar a ação do glifosato diretamente sobre os rizomas.
Outra alternativa é a injeção de herbicida diretamente nos caules; trata-se de uma técnica exigente em termos de aplicação (é aplicado caule a caule), mas que pode produzir resultados muito bons quando as áreas invadidas não são extensas.

Outra alternativa é a injeção de herbicida no caule; trata-se de uma técnica exigente em termos de aplicação (é aplicado caule a caule), mas que pode produzir resultados muito bons quando as áreas invadidas não são extensas.

Controlo biológico
A psila Aphalara itadori, o crisomelídeo Gallerucida bifasciata e a traça Ostrinia ovalipennis, têm sido estudados para o seu controlo biológico.

Em Portugal ainda não há agentes de controlo biológico disponíveis para esta espécies.

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.

 

CABI (2012) Fallopia sachalinensis. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: http://www.cabi.org/isc/ [Consultado 15/04/2020].

MISIN (2017) Fallopia sachalinensis. In: Midwest Invasive Species Information Network. Disponível: https://www.misin.msu.edu/ [Consultado 15/04/2020].

The Plant List (2013) Fallopia sachalinensis. Versão 1.1. Disponível: http://www.theplantlist.org/ [Consultado 15/04/2020].